Empreendedores de Irecê - Sandoval A. de Oliveira - Dodô do Prakasa (II)

Buscando oportunidade no Rio de Janeiro

(continuação de I)

Quando completou 21 anos de idade, cheio de vontade de trabalhar, prosperar na vida, Dodô percebeu que em Gentio do Ouro não tinha futuro para ele. Assim, no ano de 1957, partiu para Xique-Xique. Chegando naquela cidade, pegou um vapor e passou 11 dias viajando até chegar em Pirapora, Minas Gerais. Depois pegou um trem Maria Fumaça até Belo Horizonte, e mais outro trem até a Estação D. Pedro II, no Rio de Janeiro.

Imaginava que tão logo chegasse ao Rio de Janeiro, encontraria um bom emprego, pois tinha uns primos morando lá, o que facilitaria bastante. Mas as coisas não saíram como ele imaginava, e após cansativas buscas por emprego, sem conseguir nada, decidiu voltar para o sertão, deixando lá Arnon Chagas.

Soube que tinha um caminhão em São Cristóvão que carregava a revista Cruzeiro para Campina Grande e cobrava 100 cruzeiros, naquela época. Foi procurar o caminhão e lhe disseram que no dia 30, daquele mês, dois rapazes chegariam com um caminhão e retornariam para Feira de Santana.

Dias depois, Dodô chegou a Feira de Santana, após uma longa viagem do Rio de Janeiro até aquela cidade. Ficou ali, na expectativa de encontrar algum transporte de volta. Por sorte, encontrou com Genário, de Ibititá, o qual lhe disse: “Eu lhe levo até Ibititá, chegando lá a gente ajeita”.

Viajou de volta para o sertão, em companhia de Genário. Logo que chegaram em Ibititá, Genário ligou para o correio de Ibipeba e conversou com Turíbio Santos, o então prefeito de Gentio do Ouro.

Turíbio pediu a Genário que arranjasse um cavalo para Dodô, para que ele viajasse até Lagoa Grande, onde se encontraria com ele.
Chegando a Lagoa Grande, Dodô encontrou-se com Turíbio e viajou de Jipe, junto com ele, até Gentio do Ouro, aonde chegou em 15 de abril de 1957, permanecendo lá, quase 1 ano.

A mudança, o concurso e a morte do pai

Dodô e seus irmãos foram morar na cidade de Xique-Xique, em março de 1958, deixando o pai e a mãe em Gentio do Ouro. Algum tempo depois, Dona Arminda Avelino de Oliveira também mudou para Xique-Xique.

Dodô passou um ano trabalhando por conta própria, quando então surgiu um concurso estadual para preenchimento de vagas para coletor. Na época, tratava-se de um emprego muito bom, pois era ligado ao governo do estado.
Da esquerda para Direita: Adelino Moreira, Rui Lopes,
cantor Nelson Gonçalves, Sandoval A. de Oliveira (Dodô) e Betinho.


Estava bastante animado com este concurso e até tinha esperança de passar. Conservando esta esperança, ele se sentiu mais disposto a enfrentar a longa viagem até Salvador, onde faria o teste.

Zé de Agrário, seu primo, que era dono de um caminhão, ao saber que eles, Dodô, Nonô e Vanderlino Rocha iriam fazer o concurso, ofereceu-lhes carona no caminhão, até Feira de Santana.

Eles aceitaram a carona. Saíram de Gentio do Ouro, chegaram a Ibipeba, depois a Canarana. Viajaram em cima da carroceria do caminhão e após dois longos dias de viagem cansativa chegaram a Feira a Feira de Santana.

De lá, Dodô pegou um ônibus para Salvador, onde fez o concurso. Percebeu que não tinha chance de passar, porque lia pouco. Além disso, tinha começado o ginásio, mas abandonou.

“Não tinha feito o ginásio, estava apenas começando. Aí eu incuti que queria o emprego. Estava doido por um emprego a qualquer custo fui fazer o concurso”.
Em vez de se desanimar com a derrota do concurso, Dodô decidiu que era hora de voltar a estudar. Matriculou-se no ginásio do Senhor do Bonfim, fazendo o curso a noite e trabalhando durante o dia.

Cinco anos depois de sua mudança para Xique-Xique, Dodô conheceu a professora Reni Maçal de Oliveira e se casou com ela. Tratava-se de uma professora, que já exercia a profissão há 3 anos, chegando a ser diretora de um colégio.
“Casei em 25 de maio de 1963 e tive muita sorte em minha vida ao lado de minha mulher, que sempre confiou plenamente em mim, dando-me liberdade para fazer o que queria, vender, comprar”.

Seu Corino que ficou sozinho em Gentio do Ouro, durante algum tempo, deixou aquele lugar e mudou-se para Xique-Xique, ficando perto da esposa e filhos. Faleceu naquela cidade, em 30/11/1971.

(continua na postagem III)

(Fonte: livros do escritor Jackson Rubem : Irecê: História Casos e Lendas; Irecê, Um Pedaço Histórico da Bahia; Irecê, A Saga dos Imigrantes) e Brasileiros Pré-Cabralianos (Brazilians Before Cabral)

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