Personagens folclóricos de Irecê - João Tôco (II)

“Meu querido Joãozinho, meu amado...Depois de muito tempo sem ver você, sinto que meu coração se enfraquece cada vez mais, chorando de saudade”

Há cerca de dez anos, João Tôco arranjou uma namorada de nome Rosa. Os vizinhos contam que as telhas da casa, onde os dois moravam, faltavam subir, tal a quantidade de xingamentos que um falava contra o outro. Até que Rosa abandonou João Tôco para alívio de toda vizinhança.

Quando alguém perguntava a João cadê sua Rosa, ele dizia:

“Eu passei a mão no gamelão dela e levei uma lapada”.

João sonha um dia casar e ser muito feliz. Costumava dizer a algumas pessoas.
Depois de Rosa, morou com Santinha e com Júlia, mas largou todas duas. Disse que não dá sorte com as mulheres.

“No dia do meu casamento eu vou convidar tu”
Se a pessoa perguntasse:

“E tu ainda casa, João Tôco?”

João Tôco respondia:

“Eu digo que eu caso, porque eu sou como tu”

E em seguida acrescentava:

“No meu casamento vai ter cocar assado, peru assado, calango assado, cobra assada.“
Ás vezes João se auto-depreciava, dizendo frases que provocavam risos:

“Joãozinho Machado, veado galheiro do chifre virado”.

Quando a pessoa perguntava:

“E tu é corno, João? “

Ele respondia, deixando-a constrangida:

“Eu sou como tu!”

João costuma usar um antigo paletó, gasto pelo tempo, por cima de uma camisa de cor azulada ou branca. Nunca usa gravata. Mas se você o encontrar de paletó e gravata, saia de baixo, porque João está muito zangado!

“Era um homem sadio, depois que fiquei velho acabou o homem, parece até castigo. As pernas vão, mas o corpo não vai.”- João Tôco.
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(Fonte: livros do escritor Jackson Rubem: Irecê: História Casos e Lendas; Irecê, Um Pedaço Histórico da Bahia; Irecê, A Saga dos Imigrantes) e Brasileiros Pré-Cabralianos (Brazilians Before Cabral), publicado em Inglês e Português.

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