Empreendedores de Irecê - Sandoval A. de Oliveira - Dodô do Prakasa (III)

(continuação do Post II)

Primeiros estabelecimentos comerciais

Bastante econômico, Dodô conseguiu juntar a maior parte do dinheiro que ganhou vendendo várias coisas. Surgiu então a oportunidade de comprar uma bodega, em sociedade com Arnon Chagas. Era uma bodega pequena, onde tinha uma sinuca e ele ficou tomando conta, em Gentio do Ouro, até março de 1958.

Recebeu então o convite de Mano, seu irmão, que comprou uma loja em Xique-Xique, e o queria como sócio.

Durante a viagem, Dodô passou por Gameleira e ficou hospedado na pensão de dona Arminda. Foi visitar alguns parentes e amigos e se encontrou com Lívia, uma moça de família rica. Falou com ela de seus planos de montar negócio em Xique-Xique e ela perguntou quanto ele tinha de dinheiro para isso.

Dodô disse que tinha 100 contos, mas na realidade só tinha 30 contos. Lívia riu bastante dele e disse:

“Tá pensando que com 100 contos dá para você botar um comércio em Xique-Xique? Você está enganado!”.

Mas Dodô disse para ela:

“Eu vou para lá lutar, Lília”.

Dodô sempre foi um homem de luta, uma pessoa cheia de autoconfiança e do desejo de vencer.

“Se você pensar que vai ter alguma coisa na vida, e eu continuo até hoje pensando e conservar o pensamento que vai ter, você vai acabar tendo. O que vale na vida é o pensamento”.

“Eu ia levando a vida sabendo que futuramente teria alguma coisa e realmente tô dando emprego, tenho alguma coisa”.

Tempos depois, Cicinato, que morava em Gentio do Ouro, convidou seus irmãos Mano e Dodô, para botarem uma sociedade, em Xique-Xique, que se chamaria Irmãos Oliveira.

“A sociedade durou até 1968 e acabou porque eles achavam que eu passava a maior parte do tempo viajando e não trabalhava. Mas eu tinha muita independência e achava que devia administrar meu negócio por conta própria”.

Preocupado com a divisão um irmão questionou: “como vamos dividir?” e Dodô disse:

“É assim: tudo que tem 3 divide por 3. Dinheiro geralmente não tinha, porque o capital era pouco, então dividimos a mercadoria”.


Foto histórica: Em 9972 na inauguração do Polivalente em Xiquexique. Dodô é o 2º da direita, acompanhado de Juniô.

Dodô estava sozinho. Surgiu a oportunidade de comprar de Santino, em 1974, uma casa que ele tem até hoje, na esquina da antiga Feira das Frutas. Comprou por 30 mil cruzeiros e instalou um comércio que se chamava Casa Oliveira. Botou como sócio seu primo Nonô e a esposa dele. A sociedade durou quase dois anos.

“Quando eu vi que não dava para emprego, entrei no comércio”.

Por volta de 1978/1979, mudou para Irecê e se estabeleceu na Rua Antonio Carlos Magalhães. Na época, o supermercado já era o maior de Irecê e estava sob a responsabilidade do saudoso Marivaldo.

Morou alguns meses em Irecê, depois se mudou para Salvador, o que facilitaria o tratamento médico de uma de suas filhas, mas vinha constantemente a Irecê.

Com o crescimento do Supermercado Prakasa, decidiu retornar em 1984, comprou uma casa e ampliou o supermercado.

Carreira política e entidades

Bastante conhecido em todo o município de Xique-Xique, atuando em diversos segmentos e ocupando posições destacadas em algumas entidades, Dodô foi eleito vereador de Xique-Xique, no ano de 1966.

Candidatou-se, novamente, em 1970 e mais uma vez saiu vitorioso, ocupando inclusive a presidência da Câmara Municipal.

Seu grupo político sempre esteve ligado a Reinaldo Braga, dando-lhe apoio em todas as eleições. No ano de 1976, no entanto, decidiu lançar um candidato próprio, para disputar as eleições municipais. Dodô foi o escolhido, mas não queria de jeito nenhum. Depois de muita insistência, acabou aceitando.

Foi um período difícil para ele, porque a política brasileira é marcada por muita exploração. A eleição foi realizada e o adversário ganhou.

Dodô sempre foi uma pessoa dedicada a tudo que faz e bastante determinado na busca de seus objetivos. Como homem público, alcançou posições invejáveis: foi presidente e secretário da Câmara de Vereadores de Xique-Xique. Além disso, na Maçonaria alcançou a posição de venerável.

Mas quando veio morar em Irecê, decidiu se distanciar de todas as atividades relacionadas à política ou filantropia, passando a cuidar mais de suas atividades empresariais, o que lhe toma muito tempo.

“O político não tem ética não, só faz com interesse só para si”.

“Eu tenho uma certa cisma com a política. Costumo pensar: É Dodô você não vai dar pra política não, porque você não acha que o feio é bonito! O feio é feio, o bonito é bonito, bom é bom e torto é torto”.

“O Brasil é um país muito grande, mas os políticos não estão pensando realmente no desenvolvimento do país, que não tem terremoto e é muito viável. O Brasil tem muito futuro, só depende do governo”.

Lembrando do passado, Dodô cita políticos que ele admirou muito, entre os quais Juscelino Kubitscheck, porque além de construir Brasília era um homem merecedor de respeito. O outro foi Getúlio Vargas.

(Continua na postagem IV)

(Fonte: livros do escritor Jackson Rubem : Irecê: História Casos e Lendas, 2ª Ed.; Irecê, Um Pedaço Histórico da Bahia; Irecê, A Saga dos Imigrantes e Brasileiros Pré-Cabralianos (Brazilians Before Cabral)

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