Ouro enterrado em Irecê - 200 quilos em local desconhecido (II)

Quando o animal que transportava o ouro cansava-se, os escravos tiravam as bruacas e colocavam em um outro animal que estava descansado.

João José sentia-se cansado com aquela viagem e decidiu não mais seguir em frente. Voltaria dali mesmo para Macaúbas. Mas, e o que fazer com o ouro? Decidiu enterrá-lo em um trecho de seu imenso latifúndio que abrangia a área da Irecê atual, São Gabriel, Jussara, América Dourada, e tantas outras cidades.

Segundo descrições passadas de pai para filho ao longo das eras o ouro foi enterrado no alto de São Gabriel, trecho onde se via constantemente uma luz misteriosa. Segundo os mais experientes nestes temas, a luz só aparece onde há metal.

No final do século passado, Joaquim chamou seu irmão João para virem até as proximidades de Caraíbas arrancar o ouro que seu pai enterrara, pois sabia o local exato.

João topou na hora a proposta, mas disse que só arrancaria o ouro se uma bruaca ficasse para ele e a outra para Joaquim.

Joaquim que era extremamente honesto, disse que não, que o ouro deveria ser repartido com todos os irmãos, pois era uma herança de seu saudoso pai.
João insistiu que só arrancaria se fosse para dividir meio a meio entre eles dois: uma bruaca cheia de ouro para ele, João, e a outra para seu irmão, Joaquim.
Revoltado Joaquim desistiu e disse:

“Você é um usurável. O ouro vai continuar enterrado para um aventureiro qualquer arrancar.”
E morreu com o segredo do local exato onde está o ouro, que pertencia ao finado João José da Silva Dourado.

Extraído do livro: Irecê, Um Pedaço Histórico da Bahia, do escritor Jackson Rubem

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