José Alves de Andrade - O homem que usou um punhal para casar com uma Dourada (I)

José Alves de Andrade, um dos mais conhecidos nomes de Irecê, homenageado com nome de rua, sentiu uma imensa paixão por Ana Joaquina, desde o primeiro momento em que a viu. Diante de seus olhos estava aquela, que ele sonhara ser um dia a mãe de seus filhos.

Queria muito casar-se com ela, desde o primeiro momento em que a viu, mas como casar se ela era dourada e ele não? Como casar se ela era rica e ele pobre? Como casar se a família dela não queria nem enxergá-lo por perto?

Naquela época, uma pessoa de outra família casar com alguém da Dourada era um verdadeiro milagre ou uma verdadeira soma de dinheiro em ação. Os Dourados não queriam que sua família misturasse com outras, pois temiam a descaracterização.

Para que um casamento ocorresse, primeiro o cidadão tinha de mostrar para a família que tinha muitas posses, títulos, coisas de valor. Seus únicos pertences de valor era uma rocinha e uma enxada, usada por ele para cavar os buracos, onde enterrava as sementes de algodão, e para capinar os matos.

Embora não tivesse valores materiais, tinha valores morais: caráter e a determinação de lutar por aquilo que almejava. Ana Joaquina era a mulher de sua vida, aquela que Deus lhe tinha reservado. Nada nesse mundo, nem o poderio de mil dourados juntos, seria capaz de demovê-lo da idéia de casar com ela.

Foi perseguido. Sofreu diversos tipos de humilhações. Ameaçaram-no de morte. Queriam a todo custo que ele desistisse, mas ele não desistia. Ana Joaquina também não. Via em José o homem de sua vida. Seu amor por ele crescia a cada instante, sobretudo ante a perspectiva de vê-lo morto.
(continua na parte II)

Fonte: livros do escritor Jackson Rubem: Irecê: História Casos e Lendas; Irecê, Um Pedaço Histórico da Bahia; Irecê, A Saga dos Imigrantes; O Aniversário de Irecê; Brasileiros Pré-Cabralianos (Brazilians Before Cabral), publicado em Inglês e Português.

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