Seminário discute sustentabilidade no uso de recursos da caatinga

O umbu, fruto original da caatinga, está sendo transformado em geléias, sucos e doces e exportado para Alemanha e Áustria pela Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), beneficiando cerca de 200 famílias.

A experiência da cooperativa de promover a conservação e o uso sustentável dos recursos florestais da caatinga, garantindo práticas eficientes na produção, foi apresentada, ontem (26), na abertura do Seminário Regional Nordeste: Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade da Caatinga, em Juazeiro, norte da Bahia.

O evento promovido pelo Governo Federal, em parceria com o Governo do Estado, reúne subsídios e propostas para a formulação de políticas públicas específicas para o bioma. A idéia é criar estratégias para agregar valor socioambiental à produção e formas de incremento à comercialização de produtos extraídos da caatinga de forma sustentável (sociobiodiversidade).

O presidente da cooperativa, Jusemar da Silva, explicou que a atividade garante o sustento dos pequenos agricultores da região e contribui para a conservação da espécie, além de não agredir o meio ambiente. "Uma grande vantagem do umbuzeiro é que ele não precisa de fertilizantes e a colheita é feita à mão", disse o produtor, ao acrescentar que, antigamente, os agricultores batiam no tronco para que os frutos caíssem. "Hoje eles sabem que se fizerem isso os umbuzeiros vão morrer".

Segundo a coordenadora do Departamento de Mulher da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Ceiça Pitaguary, garantir a preservação do bioma caatinga é gerar vida e sustentabilidade para, aproximadamente, 52 povos tradicionais, que aprenderam a sobreviver da caatinga e a manter a cultura tradicional até hoje.

De acordo com a coordenadora de Biodiversidade da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado (Semarh), Marianna Pinho, é preciso conservar a riqueza natural e valorizar a cultura popular. "Ao contrário do que se pensava até pouco tempo, o bioma caatinga não é pobre. Sua riqueza está representada nos animais, nas plantas e nas comunidades tradicionais, que convivem no dia-a-dia com esta realidade", afirmou.

O seminário acontece até amanhã (28), no Centro de Cultura João Gilberto do

município, com participação de representantes de comunidades tradicionais, organizações não-governamentais, universidades e poder público dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e do norte de Minas Gerais.

Encontros sobre a mesma temática estão sendo organizados em todos os biomas brasileiros pelo governo federal, por meio dos Ministérios do Meio Ambiente (MMA), do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Desenvolvimento Social (MDS). As discussões dos seminários regionais serão consolidadas durante o seminário nacional, em Brasília.

mas/is

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