Distribuição de renda do governo federal vai influenciar nas eleições municipais

O cientista político Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília (UnB) disse para a Agência Brasil que os ganhos da população mais carente com os programas de distribuição de renda do governo federal terão impacto direto nas eleições municipais deste ano.

“Principalmente porque, seguramente, as eleições serão, mais uma vez, decididas pelos setores mais carentes da população, que têm uma vinculação nem mais ideológica, mas econômica, com essa estratégia. Isso tem uma influência muito forte nos resultados da eleição”, afirmou Testa.

O levantamento suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2006) sobre Acesso a Transferências de Renda de Programas Sociais, divulgado hoje (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o número de famílias atendidas por programas de transferência de renda cresceu, assim como seu consumo de bens duráveis.

Segundo o cientista político, esse aumento também deverá ter reflexos nas eleições porque, com os programas sociais, foram criados mais empregos sazonais, o que, segundo ele, será aproveitado pelos partidos dos atuais prefeitos.

“Uma vez que se consegue um emprego, ainda que sazonal, mas vem junto com ele a promessa de continuidade, desde que não haja mudança na política do ponto de vista estrutural, há um acordo tácito aí. Eu tenho a impressão de que esse é o aspecto mais contundente do ponto de vista da estratégia política eleitoral”, comentou Testa.

Para o cientista político, é importante que esse tipo de programa não se transforme em algo estrutural e que se possa diminuir seus custos em algumas décadas, transformando essa ação em investimento, em vez de despesa. Segundo ele, isso se dará quando o contingente de brasileiros que hoje precisam receber assistência do governo se tornarem agentes geradores de riquezas.

“É preciso que haja um investimento maciço na educação empreendedora no Brasil, na diversificação de micromercados, para que a população possa gerar novos negócios e ela mesma assuma a sua participação, gerando renda, emprego e assumindo o controle da sua vida mais autonomamente”, afirmou.

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