Cultura indígena nas escolas da Bahia é alvo de debate

Um debate sobre a obrigatoriedade do ensino da cultura indígena nas escolas e uma exposição de objetos artesanais na Lagoa do Abaeté marcaram, nesta quarta-feira (16), as comemorações da Semana do Índio em Salvador. Os eventos destacaram a contribuição dos indígenas na formação do povo brasileiro.

Somente na Bahia, são 25 mil índios de 14 etnias espalhados em 80 comunidades de 26 municípios. A maioria deles está concentrada no extremo sul, em cidades como Prado, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, e ao norte, na divisa com Sergipe. Kiriris e pataxós são alguns dos mais numerosos.

Na Biblioteca Monteiro Lobato, no bairro de Nazaré, professores da rede estadual e municipal discutiram a aplicação da Lei nº 11.645, na Bahia, que obriga o estudo da cultura indígena, além da afrobrasileira, no ensino fundamental e médio das escolas públicas e privadas.

“Os indígenas têm uma atuação decisiva na formação do povo brasileiro. Por isso, acredito que os professores devem estar preparados e capacitados para transmitir esses conhecimentos aos nossos estudantes”, afirmou o presidente da União Nacional dos Indiodescendentes (Unid), José de Arimatéia.

Arimatéia, um dos palestrantes do evento promovido pela Fundação Pedro Calmon, também declarou que a situação dos índios na Bahia está bem mais satisfatória do que há dez anos, principalmente no que se refere à educação. Basta dizer que, no ano passado, mais de seis mil índios se matricularam em escolas baianas.

Já na Lagoa do Abaeté, uma exposição de objetos do artesanato indígena organizada pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), atraiu a atenção de visitantes, com cocares, pulseiras, maracás, arcos e flechas, instrumentos musicais e até livros, CDs e DVDs produzidos pelos índios. Estavam lá, indígenas das tribos Kariri-xocó e Fulni-ô, dos estados de Alagoas e Pernambuco, respectivamente, que moram na Bahia há mais de 15 anos, na reserva ambiental Thá-Fene, em Lauro de Freitas.

“Queremos mostrar a realidade vivida pelos índios do Nordeste. Cada povo tem seus costumes e suas crenças e tudo isso tem que ser preservado”, disse o representante das tribos, o índio Wakay, que é músico, toca diversos instrumentos e tem até um CD gravado.

“Nada melhor do que lembrar o Dia do Índio, aqui, no Abaeté. E ninguém melhor para falar de cultura e meio ambiente do que os índios”, afirmou Georgina Boa Morte, coordenadora do Parque do Abaeté. No final da tarde, os índios acenderam uma fogueira diante da lagoa, num ritual de saudação à mãe terra e em louvor à natureza.

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