Antonio Vieira é homenageado por cordelistas baianos

“Os nomes dos poetas populares deveriam estar na boca do povo”. Esse era o desejo do poeta e cordelista Antonio José dos Santos (1949 – 2007), conhecido como Antonio Vieira, falecido em 10 de junho do ano passado.

Ao evocar o Nordeste e suas peculiaridades em seus versos e estrofes, Vieira continua na memória de amigos, familiares e outros grandes poetas do Cordel. Nesta, nesta terça-feira (10), às 18h, no Quadrilátero da Biblioteca Pública (Barris), mais de vinte cordelistas de todo o estado vão prestar homenagem póstuma ao poeta.

Antônio Vieira e seu Cordel Remoçado serão relembrados por cordelistas, repentistas, xilogravuristas e outros poetas, homenageando, por meio de suas artes, o baiano natural de Santo Amaro da Purificação, conhecido em vários estados e outros países pelos seus diversos trabalhos como palestras, oficinas e entrevistas sobre poesia popular.

“Ele era um grande conhecedor das coisas do Recôncavo, região que valorizava com grande maestria, por intermédio de suas obras, trazendo os costumes e tradições populares da região. Esta homenagem é mais do que justa, pois Vieira sempre soube representar a Bahia, com responsabilidade e brilhantismo”, relembra Antonio Carlos Barreto, também cordelista e amigo de Vieira.

Tributo

Ao retratar com respeito e orgulho as raízes nordestinas, Vieira, em seus 150 livretos já publicados, homenageou diversos personagens esquecidos pela história oficial, muitos deles poetas de reconhecido talento. “Vieira é responsável por um legado que nos traz a cultura sertaneja de raiz, tendo levado-a também para dentro das universidades”, acrescenta o cordelista Paraíba da Viola, que também integrará o tributo.

“Com esta homenagem, acredito que será uma oportunidade de reunirmos os grandes amigos e aqueles que resistem neste gênero. É uma forma de mostrar que Vieira continua presente pelo seu trabalho educativo e as obras que nos deixou, além de revitalizar sua memória”, diz Coracy Vieira, viúva do cordelista.

Em abril de 2007, o autor foi o convidado do projeto Encontro com o Escritor, atividade que celebra a vida e obra de importantes autores baianos, como Vieira foi e sempre será lembrado. Um grande público pôde ouvir as palavras de sabedoria que contava em suas histórias, retratando a forma criativa e peculiar de viver do povo brasileiro, em especial o nordestino.

Dentre os cordelistas, repentistas e xilogravuristas que irão homenagear Antônio Vieira estão Bule-Bule, Caboquinho, João Ramos, Paraíba da Viola, Antonio Queiroz, Leandro Tranquilino, Antonio Alves, Franklin Maxado, Jotacê Freitas, Antonio Barreto, Carlos Neves, Zuzu Oliveira, Maysa Miranda, Carlos Joel, João Augusto, Sérgio Bahialista, Gutemberg Santana, Davi Nunes, Pardal, Souza Queiroz, Kitute, Zezão Castro, Creusa Meira, Gilmara Cláudia, Guegueu, Raninho, Maicon, Danilo, Zumar, Gabriel Arcanjo e Luiz

Cordel

Também popularmente conhecido como literatura de folhetos, o cordel surgiu na Europa medieval e se difundiu por todos os continentes. Chegou ao Brasil por meio dos povos ibéricos, ganhando contornos próprios no Nordeste. Hoje, o gênero é produzido em vários centros pelo país, mas ainda é na região nordestina (principalmente os estados do Piauí, Paraíba, Pernambuco e Ceará) que está fortalecido.


cas/is

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