Alternativas de reuso da água em Israel podem ser adaptadas ao semi-árido baiano

Israel é um dos países do Oriente Médio que enfrentam graves problemas em decorrência da escassez hídrica, mas tem encontrado alternativas de reuso da água capazes de transformar água de esgoto em potável. Essas e outras alternativas de convivência com o problema podem servir de base para o desenvolvimento de políticas públicas na Bahia, que tem 69,3% de seu território no semi-árido. A área é composta por 266 municípios e reúne uma população estimada, segundo o IBGE, de 6.451.835 pessoas.

As experiências de reuso da água em Israel estão sendo conhecidas por representantes do Governo do Estado, em viagem oficial ao país, a convite da Câmara de Comércio América Latina-Israel. Participam da delegação, o diretor-geral do Ingá, Julio Rocha, que seguiu para Israel direto da África, depois que apresentou, em São Tomé e Príncipe, as ações de enfrentamento ao racismo ambiental desenvolvidas pelo Estado da Bahia, o diretor de Regulação do órgão, Luiz Henrique Pinheiro, e a superintendente de Irrigação da Secretaria de Agricultura do Estado (Seagri), Silvana Costa.

A delegação iniciou a visita, no domingo (3), por Mekorot, empresa estatal israelense e conheceu o sistema de tratamento das águas residuárias da região metropolitana de Tel Aviv, localizada em Rishon. O esgoto é tratado e se transforma em água para irrigação. A estação de tratamento produz cerca de 370.000 metros cúbicos/dia de água, o equivalente a 135 milhões metros cúbicos/ano - representando 15% da necessidade agrícola.

A empresa também utiliza o sistema de tratamento terciário (lodo ativado e clarificadores) seguido de infiltração do efluente no solo, obtendo em seguida condições até de potabilidade. A superintendente de Irrigação da Seagri, Silvana Costa, avalia que “a experiência de Israel de uso da água pode efetivamente servir de modelo para o desenvolvimento da agricultura baiana no semi-árido”.

Ela ressalta que, em Israel, diversas empresas têm desenvolvido sistemas fechados de uso de água por estímulo governamental que possui campanhas públicas de uso eficiente. A questão da água é uma dos temas mais importantes para o desenvolvimento de Israel. Para Julio Rocha, “a tecnologia utilizada pela Mekorot é exemplo de que tratamento de esgoto pode significar investimento na sustentabilidade”.

Gotejamento

A delegação baiana conheceu a empresa Netafim, líder mundial em irrigação por gotejamento. A indústria fez apresentação sobre a perspectiva da água na agricultura, destacando a necessidade de uso eficiente na irrigação, com análise de utilização de vazões baixas, irrigação super intensiva com utilização de gotejamento associada a alta produtividade e menor impacto ambiental.

Na segunda-feira dia 4, os gestores baianos seguiram para Asheklon, onde visitaram a dessalinizadora Adom, de tecnologia franco-israelense. A fábrica reúne duas plantas para dessalinização, com captação de cerca de 28.000 metros cúbiso/h de água proveniente do Mar Mediterrâneo e produz 14.000 metros cúbicos/h de água potável. A água é repassada para a estatal e agência de água Mekorot. A visita compreendeu todo processo da produção.

Para Luiz Henrique, “o tratamento eficiente dos efluentes domésticos e a escolha adequada e possível de um sistema de abastecimento feitos em Israel, são exemplos para regiões de escassez hídrica na Bahia”. As principais cidades de Israel possuem sistema automatizado de irrigação para parques e jardins por gotejamento, com economia de 50 a 60% da água proveniente dos sistemas de tratamento de efluentes. Todo sistema de irrigação é acompanhado e controlado por computador.

mas/is

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