Cursos da área de saúde vão ministrar disciplina sobre transplante

Um protocolo de intenções que vai inserir o tema transplantes de órgãos na grade curricular dos cursos da área de saúde, especialmente medicina, foi assinado quinta-feira (31) entre o Governo do Estado e 11 universidades públicas e particulares da Bahia. O objetivo é estimular as doações e formar profissionais mais preparados e sensíveis ao tema. O documento foi assinado durante o evento “Doe Órgãos, Doe Vida”, realizado no Centro de Convenções, com a participação do governador Jaques Wagner e do secretário da Saúde, Jorge Solla.

Na ocasião, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) também assinou um termo de cooperação técnica com as Secretarias da Educação, do Turismo, da Cultura e do Trabalho, que a partir de agora vão incluir informações sobre o Programa Estadual de Transplante em suas ações. Logo em seguida, o governador doou sangue e assinou seu nome no cadastro nacional de doadores de medula, como forma de sensibilizar a sociedade para a importância do gesto. “O ato de doação de órgãos faz parte de um conjunto de valores que precisam ser fortalecidos”, disse Wagner.

Para os reitores das universidades que assinaram o protocolo, a inclusão do assunto no meio acadêmico vai contribuir para a formação de profissionais multiplicadores desse tipo de informação. “Não se trata de uma mera reforma curricular, e sim de um engajamento efetivo à causa”, falou Naomar Almeida Filho, reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Adélia Pinheiro, vice-reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), também ressaltou os benefícios do ato. “Profissionais de saúde sensibilizados com o assunto certamente contribuem para uma sociedade mais esclarecida e informada sobre a importância de doar órgãos”, disse ela.

Este ano, 197 transplantes (19 de fígado, 45 de rim e 133 de córnea) já foram realizados na Bahia. Entre janeiro e junho de 2008, as doações de múltiplos órgãos cresceram 150% em relação ao mesmo período do ano passado. Em todo o estado, cerca de 3 mil pessoas estão na lista de espera – o rim é o órgão de maior procura. O secretário Jorge Solla destacou os avanços obtidos na área não apenas na capital, mas também no interior. “Já conseguimos fazer captações de órgãos em municípios como Barreiras, Vitória da Conquista e Feira de Santana. E temos hoje 30 profissionais de saúde trabalhando em núcleos de transplante em todo o estado”, revelou.

Além do cantor Xangai, do secretário municipal de Esporte, o pugilista Acelino de Freitas (Popó), e do diretor geral da Superintendência de Desportos da Bahia (Sudesb), Raimundo Nonato Tavares (Bobô), que se declararam doadores e deram apoio à causa, estavam presentes pessoas que já passaram por transplantes. Uma delas é Márcia Chaves, que recebeu há nove anos um rim doado pelo próprio pai e hoje preside a Associação de Pacientes Transplantados da Bahia (ATX-BA). Para que a doação de órgãos seja estimulada, ela acredita que a população deve ser informada.

“É preciso esclarecimento. Sem saber o que é captação de órgãos e o que é o transplante em si, não há como haver sensibilização”, comentou Márcia Chaves. Ela acrescentou que a inserção de uma disciplina sobre transplante no conteúdo programático das faculdades vai ajudar nesse sentido. “Os médicos ficarão mais sensíveis e vão notificar com mais rigor a morte encefálica, pois é a partir dela que se faz a captação e a doação de órgãos. A notificação de morte encefálica ainda é baixa e é preciso mudar isso”.

Todos são potenciais doadores

Após uma avaliação médica, todas as pessoas são doadoras em potencial. No Brasil, a doação só é permitida com a autorização de parentes de primeiro e segundo graus – daí a necessidade de comunicar à família a intenção de doar. Os órgãos são captados por uma equipe que atua nos hospitais e distribuídos de acordo com a fila de espera dos receptores.

Cada órgão (coração, pulmão, fígado, rim, pâncreas, intestino) e tecido (córnea, medula óssea, pele, osso, tendão e valva cardíaca) tem a sua fila própria e o paciente deve estar inscrito na central de transplante do seu estado, que é vinculado ao Ministério da Saúde, através do Sistema Nacional de Transplante.

Confira a lista das 11 universidades que assinaram com o Governo do Estado:

Universidade Federal da Bahia (Ufba)
Universidade Federal do Recôncavo Baiano
Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs)
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb)
Universidade do Estado da Bahia (Uneb)
Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc)
Escola Baiana de Medicina
Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC)
Faculdade Regional da Bahia
Faculdade Rui Barbosa
Centro Universitário da Bahia (FIB)


Gdf/af

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