Soluções para preservar aguadas em Nordestina foram definidas em seminário

A definição de uma agenda de compromissos englobando a realização de dois mutirões - para limpeza das aguadas e da represa local e preparação da terra destinada ao replantio de mudas nativas -, o comprometimento com uma maior mobilização da comunidade do povoado de Mari e a promoção de uma avaliação técnica pelo escritório regional da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), em Serrinha. Esses foram alguns dos resultados práticos obtidos pelo Seminário de Meio Ambiente e Preservação - Proteção da Aguadas.

O evento foi realizado pelo subterritório Mares Verdes, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais local, no povoado de Mari, município de Nordestina, na sexta-feira (22), e contou com grande participação popular.

Participaram também entidades envolvidas com o tema, a exemplo do Projeto Sertão Verde, da ONG Flor da Caatinga e do Coletivo Municipal de Jovens de Nordestina, além da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), prefeitura local, entre outras. O seminário teve o apoio logístico do Projeto Terra de Valor, por meio do escritório regional de Euclides da Cunha.

As ações do seminário tiveram início pela manhã, com a realização de uma caminhada ecológica, envolvendo alunos das escolas municipais, que conheceram as aguadas do município, sobretudo o Tanque Velho e a represa de Morrinhos, todas enfrentando um alto grau de poluição.

À tarde, durante as palestras temáticas, o professor José Plínio de Oliveira, da Uneb de Conceição do Coité, propôs a construção de um projeto piloto de proteção ambiental para o sertão e conclamou as mulheres a assumir a responsabilidade pela preservação das aguadas, já que, segundo ele, a água sempre teve um forte componente de gênero no imaginário popular.

O técnico agrícola Idelmário Duarte, do Projeto Sertão Verde, lembrou que o plantio de árvores nativas da caatinga seria o caminho para se reverter a situação de degradação e ofereceu mudas diversas, que seriam fornecidas pela Apaeb. Divanildo Ramos, da ONG Flor da Caatinga, falou da necessidade de preservar a vegetação em torno das aguadas, lembrando que “não adianta nada se elaborar um megaprojeto para limpar o lugar se a população continuar jogando lixo e esgoto nas aguadas”. Ele propôs realizar a filtração do material que é lançado na água para equacionar o problema da poluição.

Planejamento

A técnica Shirley Macedo, do escritório da CAR, em Serrinha, ressaltou o aumento da degradação dos rios na região e o crescente lançamento de lixo nas nascentes e aguadas como fatores determinantes da poluição ambiental. Ela descartou a possibilidade de entupimento do Tanque Velho - proposta que vinha sendo ventilada em alguns setores da comunidade como solução para o problema – e conclamou a comunidade a acionar o poder público local para discutir a destinação da aguada.

O estudante Gerian Carneiro, representante do Coletivo de Jovens, se propôs a se reunir com a juventude local até o final do mês para discutir a questão ambiental detalhadamente.

Convidada para traçar a estratégia das ações, a técnica Daniela Falcão, do Programa Terra de Valor, propôs um melhor planejamento e lembrou a importância da mobilização da população. “Temos que aprender a levantar e lutar pelo que queremos. As coisas podem mudar pelo simples fato de nos reunirmos”, ensinou, se referindo à limpeza das margens do Tanque Velho realizada pela prefeitura local no dia anterior à realização do seminário, fato considerado por todos como um reflexo direto do movimento.

Daniela afirmou não haver uma preocupação da comunidade com a gestão da barragem e propôs a realização de um plano que envolva o diagnóstico da origem dos problemas que atingem as aguadas – desmatamento, falta de mata ciliar, lançamento de esgotos, entre outros – e a conseqüente identificação de parceiros que contribuam com a solução da situação.

Entre algumas atitudes propostas, Daniela sugeriu o estabelecimento de prioridades para despoluir a água e o conseqüente levantamento dos custos do empreendimento - a implantação de um sistema de decantação, por meio de biocatalizadores (bactérias aeróbicas) com sistema de aeração, gestão compartilhada de resíduos e uma campanha de sensibilização para que a comunidade adquira novos hábitos menos nocivos ao ambiente.

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