Pescadores baianos contam com equipamentos para prática da pesca oceânica

É realmente uma boa notícia resultado de um acordo de cooperação técnica entre a Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), e a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, da Presidência da República (Seap). Pela primeira vez, pescadores baianos terão à disposição equipamentos para a prática da pesca oceânica em grande escala ao longo do litoral baiano.

Pescadores das cooperativas de pesca de Camaçari, no Litoral Norte, e de Itacaré, no sul do estado, vão ser capacitados para operar embarcações oceânicas com capacidade acima de 35 toneladas de pescados

O acordo faz parte do Programa Nacional de Financiamento da Ampliação e Modernização da Frota Pesqueira Nacional (Pro-Frota), que financia a aquisição de barcos pesqueiros para a pesca oceânica, destinados às cooperativas de pescadores em todo o país.

O Pro-frota tem por objetivo incentivar a formação de uma frota genuinamente brasileira, incrementar a produção nacional de pescado, recuperar recursos que estão em situação de sobrepesca ou colapso, promover a exploração da Zona Econômica Exclusiva e de águas internacionais e proporcionar a eficiência e sustentabilidade da frota pesqueira costeira, continental e oceânica.

Até o final do próximo mês, quando todos os estudos técnicos tiverem sido concluídos e apresentados pela Bahia Pesca à Seap, deverá ser assinado um convênio com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para a construção dos quatro barcos – dois para a Cooperativa de Pescadores de Camaçari e dois para a Cooperativa de Itacaré.

A expectativa é que as embarcações sejam entregues dentro de um prazo de um ano e meio. Os barcos irão atender a aproximadamente 180 pescadores associados nas duas cooperativas.

Na reunião ocorrida na sede da Bahia Pesca, na segunda-feira (16), com a presença de representantes dos pescadores, Banco do Nordeste, Casa Civil do Governo do Estado e da Seap, ficou definido que, no dia 25 de março, será apresentado pela empresa baiana, o plano de ação para que seja viabilizado o convênio para a aquisição das embarcações. “É um desafio e um novo marco para a pesca na Bahia”, disse o presidente da Bahia Pesca, Isaac Albagli.

Salvador e Ilhéus

Nas presenças do superintendente do Banco do Nordeste, Ilo Meira Filho, do coordenador-geral de Apoio e Incentivo ao Crédito do Ministério da Pesca, Marcelo Burguez Pires, e do chefe do escritório da Seap na Bahia, Marcelino Galo, o presidente da Bahia Pesca enfatizou que o convênio para a construção de barcos de pesca oceânicos, só reforça a importância das obras de construção dos terminais pesqueiros de Salvador e Ilhéus.

Ao falar para os pescadores e representantes da Seap e do BNB, Albagli lembrou que a Bahia precisa dinamizar o seu setor pesqueiro. “Não podemos ver as nossas reservas de pescas serem exploradas por estrangeiros, porque não temos frota e porque o estado não possui terminais pesqueiros”, disse.

O terminal Pesqueiro de Salvador deverá ter o Estudo de Viabilidade Econômica concluído ainda neste semestre, e, em seguida, o mesmo estudo será feito em Ilhéus. Logo após esses trabalhos serão apresentados os respectivos projetos executivos, com perspectivas que até o final do ano as obras comecem.

A estimativa de custos é de aproximadamente R$ 15 milhões para as obras em Salvador, já inclusas no PAC (Programa de Aceleração do crescimento), e de aproximadamente R$ 6,5 milhões para o terminal de Ilhéus.

Pescadores otimistas

Com aproximadamente 180 associados cadastrados, as cooperativas de pescadores de Camaçari e de Itacaré, que receberão os quatro barcos de pesca oceânica, a serem construídos até meados do próximo ano, estão situadas em pontos estratégicos do litoral baiano, em áreas de influências diretas dos dois futuros terminais pesqueiros.

No Litoral Norte, onde está inserido Camaçari e outros cinco municípios, atualmente existem 87 embarcações motorizadas, com uma produção estimada anual de pescado de 592 toneladas. Já no Litoral Sul e Região do Baixo Sul, onde está localizado Itacaré, são 11 municípios, 672 barcos e uma produção anual estimada de 14.113 toneladas de pescados.

Para um dos representantes da Cooperativa de Pescadores de Itacaré, presente à reunião na Bahia Pesca, Agnaldo Green, trata-se de uma mudança de estrutura que em muito vai influenciar as atividades de pesca na Bahia. “O desafio é agora e estamos preparados para enfrentá-lo”, disse, referindo-se à capacitação dos pescadores para o uso de novas tecnologias.

Mesma avaliação teve o representante da Cooperativa de Pesca de Camaçari, Pedro de Assis, que destacou a luta dos pescadores para conseguir se inserir nos projetos de modernização do setor pesqueiro feito pelo governo federal. “Em quatro anos, nunca vimos tamanha boa vontade com o setor pesqueiro. E isso vai influenciar as futuras gerações de pescadores”, disse.

Comentários