Logística para produção e comercialização do biodiesel é discutida pelo Governo

O grande desafio da logística para a produção e comercialização do biodiesel é inserir a agricultura familiar na cadeia de produção de forma a tornar economicamente viável sua inserção. Essa foi a conclusão dos debates que aconteceram durante a 4ª Rodada de Discussão sobre biocombustíveis, na terça-feira (25), na Fundação Luis Eduardo Magalhães (Flem), promovida pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento (Seplan).

De acordo com o estudo realizado pelo Instituto de Pós-graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ), em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e apresentado pelo professor Marcos Benzecry, a melhor forma de baixar o preço da produção de biodiesel é a verticalização, onde uma mesma empresa controla todas as fases da cadeia de produção.

Contudo, somente nas usinas com a produção de, no mínimo, 100 mil toneladas/ano, a verticalização é economicamente viável. Benzecry explica que “o grande desafio é inserir a agricultura familiar nesse processo e uma das formas para isso é o incentivo à formação de cooperativas para a venda de grãos”.

Em contrapartida, o coordenador da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis em Brasília (ANP), Manoel de Castro Neto, acredita que a visão empresarial da cadeia de produção do biodiesel está correta. “O governo entra no processo para auxiliar a inclusão social. Uma forma é a criação do Selo Combustível Social, concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) aos produtores de biodiesel que promovem a inclusão social e o desenvolvimento regional por meio de geração de emprego e renda para os agricultores familiares”, afirma. Ele explica que embora o Brasil possua um potencial ilimitado para a produção de biodiesel, isso não é interessante para o país.

Cadeia Produtiva

Ainda de acordo com a pesquisa do IBP, foram analisadas seis culturas para a produção de biodiesel no Brasil - soja, algodão, girassol, amendoim, mamona e dendê. Dessas, as três primeiras são economicamente viáveis para a produção de biodiesel. No caso das culturas de mamona, amendoim e dendê o ideal é a produção de óleo vegetal por conta da competitividade dos produtos no mercado.

A Bahia detém 5% da produção de óleo de soja do país, e 79% da produção de mamona. Entretanto, no Brasil 91% da produção de óleo vegetal, matéria para o biodiesel, é de soja. Marcos Bencrezy acredita que “o Governo do Estado não deve incentivar somente a agricultura familiar de mamona e dendê, com o intuito de produzir biodiesel”. Segundo o estudo apresentado pelo professor, até mesmo a produção de biodiesel, por meio do sebo animal, é mais competitivo que o de mamona.

Atualmente, existem 52 empresas autorizadas a produzir biodiesel no país, com um potencial de 41,5 bilhões de litros de diesel/ano, sendo que 7,49% dessa produção encontra-se no estado. “A Bahia possui um grande potencial, com uma capacidade enorme situada no oeste do estado, mas precisa melhorar a logística de distribuição, pois a maioria das distribuidoras está localizada no litoral”, afirma Castro Neto.

Experiência privada

A 4ª Rodada de Discussão contou ainda com a experiência da empresa Comanche, representada pelo coordenador logístico, Derneval Rodrigues. Ele explicou que a usina localizada em Simões Filho tem menos de um ano de produção e possui uma visão de possível exportação de Biodiesel.

A Comanche está produzindo pesquisas na área de produção de biodiesel a partir de pinhão-manso e girassol no interior do estado. Na sua opinião,“é preciso ratificar que, por enquanto, as pesquisas são puramente com uma visão no futuro, como forma de redução de custos na produção. No momento, o biodiesel da usina é feito a partir de soja, gordura residual e sebo animal”.

pas/is

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