Responsáveis pelo Banco de Olhos da Bahia participaram de curso científico em São Paulo

Os oftalmologistas Jorge Paulo Araújo e Marco Pólo Ribeiro, responsáveis pelo Banco de Olhos do Estado, participaram recentemente, em São Paulo, do VIII Curso Certificado de Treinamento Técnico e Científico em Banco de Olhos do Brasil, promovido pela Associação Panamericana de Banco de Olhos – Apabo.

O curso, com 15 dias de duração, é avaliado pela revista americana Córnea como o melhor sobre Banco de Olhos da América. Além da troca de experiência, especialistas baianos mantiveram contatos com profissionais de todo o país, inclusive os responsáveis pela implantação de Banco de Olhos que estão bastante avançados em gestão e eficiência, a exemplo de Sorocaba, São Paulo, Cascavel, Fortaleza e Porto Alegre.

Entre os objetivos principais do curso estão a formação de profissionais, a padronização dos procedimentos nos Bancos de Olhos, e o estabelecimento de um sistema de qualidade no processamento dos tecidos oculares doados.

Serviço na Bahia

Inaugurado em maio de 2006, no Hospital Roberto Santos, o Banco de Olhos da Secretaria da Saúde do Estado já registrou, este ano, 120 doadores de córneas, um aumento significativo em relação a anos anteriores - 100 doações durante todo o ano de 2006 e 70, em 2005.

O coordenador técnico do serviço, Jorge Paulo Araújo, explica que o registro de 120 doadores representa 240 córneas doadas, mas, em geral, cerca de 40% das córneas doadas, por motivos diversos, são descartadas. Em função disso, foram realizados 133 transplantes de córnea no estado em 2008.

Em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem cinco milhões de pessoas cegas por falta de um transplante de córnea. No Brasil, calcula-se que são 25 mil pessoas. Na Bahia, terceiro estado mais populoso do país, embora não existam estatísticas oficiais, estima-se que cerca de 700 pessoas aguardam um transplante para conseguir enxergar novamente. A espera pela cirurgia no estado pode ser superior a um ano.

Segundo o oftalmologista, com a maior conscientização da população sobre a importância da doação e o apoio de todos os segmentos da sociedade, sobretudo da mídia, “a fila de espera para transplante de córnea pode ser zerada”.

Engajamento

“Na Bahia, a cultura de doação de órgãos é pouco difundida, o que gera imensa quantidade de negativas familiares dos potenciais doadores”, aponta Jorge Paulo, acrescentando que o engajamento da sociedade em geral nas campanhas educativas também é muito pequeno na Bahia.

O Banco de Olhos é responsável pela retirada, transporte, avaliação, classificação, preservação, armazenamento e disponibilização dos tecidos oculares doados, ou seja, por todas as etapas de processamento dos tecidos. “A execução dessas etapas é a única maneira de garantir que os procedimentos serão feitos de forma ética, com segurança, por profissionais capacitados e de acordo com as normas médicas internacionais para esse tipo de atividade”, esclarece o médico.

Qualquer pessoa pode ser doadora de tecido ocular, independente de idade, uso de correção visual (óculos ou lentes de contato) ou de alguma possível doença. “O importante é conversar com os familiares sobre o desejo de doar, porque a família é a única responsável pela efetivação de uma doação e a retirada dos tecidos oculares só pode ser feita com a autorização da família”, enfatiza o coordenador do Banco de Olhos da Bahia. O serviço disponibiliza folhetos informativos, que podem ser solicitados por aqueles que desejam ser doadores.

O oftalmologista garante que a retirada dos tecidos oculares é feita com técnica cirúrgica que não deixa vestígios e não provoca qualquer modificação na aparência do doador. “A doação é feita após a parada do coração e a captação (retirada) dos tecidos oculares pode ser feita até 6 horas depois de constada a morte encefálica”, finaliza Jorge Paulo.


sas/is

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